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Decifra-me ou Te Devoro por Aécio E. César

Senhoras e Senhores,

            Decifra-me ou te devoro… quanta sabedoria existe diante da esfinge de Tebas. O pior, ou digamos, o melhor é que todos nós, direta ou indiretamente estamos ligados à sua interpretação mais profunda. Conhecemos muito bem a dinâmica das máquinas, da Natureza em si, do universo externo que nos brinda com seus labirintos no desconhecido de Deus. Mas, você conhece a si mesmo? Sabe dos seus limites? Reconhece sua sabedoria como nula diante da Sabedoria Divina? Quem seria você, ou melhor dizendo que seria você nesse emaranhado mundo de emoções onde quem sai vencedor é aquele que lhe conhece intimamente?

            Por qual motivo as pessoas que nos rodeiam sabe mais de nós do que nós mesmos? Por que suas armas para nos magnetizarmos são nossas fraquezas? Em síntese estaríamos agindo conforme nosso livre-arbítrio ou quem sabe o Determinismo Divino nos encapsula na Sua vontade ou quem sabe ainda pela população invisível que nos calca os passos levando-nos onde querem tornando-nos zumbis inconscientes?

            A ignorância tem as suas asas voltadas na vivência e convivência malfadadas de todos nós. E o que fazemos? Damos-lhe o braço sem interrogativas ou exclamações. Simplesmente nos doamos a ela. Mas a nossa consciência procura despertarmos desse pesadelo intuindo-nos a desbravar o nosso eu a todo custo, porque em contrapartida, se não a decifrarmos, ela irá nos devorar.

            Frente à esse assunto, poderemos encaixar os comentários da semana do livro em estudo “Libertação”, através da mediunidade do saudoso Chico Xavier. Como já sabemos, Gúbio se encontrava presente na residência de Margarida, juntamente com Saldanha e os seus asseclas. De momento a outro esse perseguidor cruel faz-se retirar. Iria visitar o filho em um hospício. O instrutor lhe pede para acompanha-lo. E aceito o pedido, sua equipe se dirige para um hospício na Crosta.

            Frente à uma cela fria e sinistra encontramos o filho de Saldanha deitado ao chão frio de bruços daquele lugar. O olhar do pai não era mais aquele verdugo cruel e insensível. Algo parecia brotar das suas entranhas como sentimento que até então não transparecia. Na presença daquele filho não era muito de causar piedade, quando eles veem duas entidades coladas a ele. Mãe e esposa desencarnadas procuravam sugar-lhe as energias que já não tinha. A esposa exalava o sofrimento de uma suicida enquanto a mãe em desequilíbrio não tirava os olhos do filho. Não saberíamos a quem acudir primeiro, pois que aquele trio necessitava mais de compaixão… de muito Amor.

            Pelo que parece, Saldanha o procurava regularmente, para acudir aquele trio em que seu coração procurava em vão aconchega-los. Enquanto tentava afastar esposa e mãe daquele quase cadáver estirado sempre no chão, elas voltavam sempre ao marido/filho sem questionamentos. Difícil equacionar sentimentos superiores a quem por um lado está matando gradativamente uma mulher como Margarida, enquanto em outra cena o mesmo coração envolvido por um ódio descomunal se volta ao filho sendo obsidiado por parentes próximos. Onde a razão nesses casos? Onde o perdão se enquadraria reconhecendo que vítimas e agressor desconhecem seus eflúvios de paz e de refazimento?

            Saldanha apenas observava aquelas mulheres em que um dia as amou e se dirige a Gúbio nessas palavras: “Raras mulheres sabem conservar a fortaleza nas guerras de revide. Em geral, sucumbem rapidamente vencidas pela ternura inoperante”. Profunda citação essa de inexprimíveis pontos de vista. As mulheres em si, realmente, são guerreiras, formidáveis postos de observação onde o sentimento grita mais alto do que a razão. Um amor diferente irradia das suas entranhas diferentemente dos homens. Se os homens usam a cabeça para formular ideias e ideais que lhe transcendem poder e glória, as mulheres deliberam o coração no sentido de sensibilizar o mundo íntimo abrupto dos homens.

            Contudo, elas não se deixam vencer pelo desânimo, pelos obstáculos e espinhos do caminho quando é para estar o mais próximo possível dos seus entes amados, principalmente seus rebentos. Algo magnetiza mãe-filhos ao ponto de, mesmo estarem alimentando forças obscuras algo as faz aproximar sentindo-se seguras com o cheiro dos filhos. Mesmo em situação como essa em que a citação acima nos faz refletir, a mãe movimenta montanhas para se sentir agraciada pela presença dos filhos mesmo não sabendo que está atrapalhando seus processos de cura.

            Gúbio sentindo que vibrações de ódio estava dominando Saldanha ante aquele quadro infeliz, procurou amenizar o ambiente: “Nossas irmãs não conseguiram, por enquanto, ultrapassar o pesadelo do sofrimento, no transe da morte…”. Daí se encaixa perfeitamente o título dessa semana. Como podemos analisar melhor, a esposa e a mãe se deixaram levar pelo desconhecido à frente da ignorância que alimentavam sobre a morte.

O sofrimento em si não deixa de ser uma carta de alforria onde nossa liberdade se concretizará quando resolvermos nos distanciar do mal que tanto alimentamos. Por que esse apetite feroz? Que, assim sendo, nunca irá saciar-se? Ilusão também se vive, diz antigo provérbio. Até quando iria quando passa a fazer parte dos nossos contextos de humanização? Seriam nós, seres criados por Deus, humanos?? Ou quem sabe espiritualizados?

Por que é tão difícil descerrar o lacre da caixa de Pandora no sentido de esvaziar do nosso mundo íntimo todas as sequelas que, de reencarnação em reencarnação vamos empilhando lixo tóxico mental como suposta solução aos adventos de milagres que nunca virão?

            Voltando à esfinge de Tebas ela teria sempre uma charada retratada na sabedoria dos homens que já conquistaram, de certo modo, uma razão ainda aquinhoada em princípios não muito salutares. Abordando transeuntes que passavam perto, ela se dirigia a eles nesses termos: “Qual animal tinha quatro patas pela manhã, duas pela tarde e à noite tinha três patas”. O desafiado precisava tomar cuidado com a sua resposta, pois, caso errasse, seria comido pela criatura. Qual seria sua resposta? Sairia vivo ou deixaria que a esfinge devorasse sua fugaz sabedoria? Quantas e quantas vezes reencarnamos iniciando sempre no ponto de nosso término na última existência?

            E para fechamento dos nossos questionamentos deixo para reflexão as palavras de André Luiz contidas no livro “Nosso Lar”, pela mediunidade de Chico Xavier que nos diz: “Quantas existências, quantos corpos, quantos séculos, quantos serviços, quantos triunfos, quantas mortes necessitamos ainda?”. Saberia responder de pronto esta pergunta ou terei que devorá-lo meu Caro Leitor Amigo?

08/12/2022 – Até a próxima quinta-feira pessoal. Favor divulga-la para nós.

Aécio Emmanuel César
Médium de psicografia desde 1990, tarefeiro espírita na cidade de Sete Lagoas/MG.

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