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Mais de Quatrocentos Anos – Cap. 28 – Sob as Cinzas do Tempo – Assunto: Torquemada

Aos seguidores de plantão do Dr. Inácio, meu Salve.

            Tomás de Torquemada… Difícil esquecer esse espírito pelo mal que fez à humanidade e a si próprio. Lembremos dele em prece. Viveu num corpo físico quase oitenta anos. Não aproveitou como deveria a sua passagem no mundo, principalmente sendo um frade, representante de uma religião que deveria auxiliar e proteger e não perseguir e matar.

            Dr. Inácio procurou em sua biblioteca alguns livros que falassem mais a respeito desse espírito. Vejamos o que ele relata em seu livro, “Sob as Cinzas do Tempo”, através da mediunidade de Carlos Baccelli. Vejamos: “… frade dominicano espanhol, havia nascido em 1420, tendo deixado o corpo em 1498… (…) Segundo as deduções que efetuava, seu espírito, por mais de 462 anos permanecia no espaço…”. Como podemos observar aqui, é muito tempo para que um espírito como ele ficasse assim na Espiritualidade continuando a fazer a maldade que iniciou na Terra, ou quem sabe em outras existências.

            Devemos considerar, no entanto, que não somente ele se encontra na Pátria de todos nós, despreocupado com a reforma íntima, com uma nova chance de reencarnação, de poder saldar suas dívidas ante a Justiça Divina. Muitos outros espíritos estão a fugir das responsabilidades que contraíram. Creio que pode até passar mil anos, um dia, todos nós haveremos de responder através do remorso, as nossas antigas viciações. Isso é fato. Está na Lei Maior.

            Para aqueles que ainda aceitam uma transformação imediata quando a morte vem terminar muitos currículos na Terra, não querendo desanimá-los, mas a vida quanto a personalidade a quem ela anima se faz por reformas, no nosso caso – seres humanos –, por reformas íntimas declaradas por transformações da própria personalidade ainda em desalinho.

            A mente desses espíritos das sombras que volvem o mundo espiritual, continuam acreditando ainda viver no período em que tinha – de certo modo – um poder temporal nas mãos. O mal é uma energia tão forte que faz com que o tempo se arvore nas suas células perispirituais, fazendo com que tudo que fazem não impliquem no seu tempo-espaço predeterminado.

            No outro dia da reunião, D. Modesta veio conversar com Dr. Inácio. Estava preocupada. Ela não sabia o que acontecera. Ele não a contou desse episódio, mas sentia que a sua mão doía por um motivo. Mas qual seria esse motivo? Sei e todos nós deveremos nos precaver com esses espíritos dessa categoria. Eles tem um poder bem maior do que muitos doutrinadores e médiuns juntos de muitos Centros Espíritas. E podem fazer qualquer coisa no sentido de inibir qualquer trabalho que lhe venham ser interpretado como intromissão de percurso. Lembrei-me do caso da médium aqui da minha cidade em que um espírito de um padre deixou marcado seu pé no teto da sala da reunião. E outros e outros casos mais bizarros são contados aos olhares indiferentes de espíritas que não acreditam se tornarem vítimas dessa força em que eles se manifestam.

            E para serenar a situação Dr. Inácio descontrai a servidora: “Foi um tapa muito bem dado, Modesta… – brinquei (…) Foi um autêntico pé-no-ouvido… Jesus também apanhou, não apanhou? Eu não sou o Cristo…”. Difícil saber quando Dr. Inácio está falando sério ou brincando, ele confidenciou à médium que se o médium fosse Manoel Roberto apanhariam ele e o espírito. Rsrs. Brincadeiras à parte.

            Muitos devem estar pensando por qual motivo os Mensageiros do Além não pegam esses tipos de espíritos para esclarecê-los. Tinha essa dúvida, até que li esse capítulo e ele me esclareceu. Quem sabe esclarece você também. “… não é por falta de empenho dos nossos Maiores que isso não acontece; segundo Eurípedes, o problema é falta de receptividade psíquica; essas entidades deixaram o corpo, mas continuam  vivendo nos subterrâneos da Vida”. Ele está certo. Receptividade psíquica.

            Creio que essa receptividade psíquica não se encontra tão somente entre os espíritos desencarnados, mas também nos encarnados. Quantas e quantas centenas de milhares de criaturas no mundo não conseguem tirar seus pensamentos do próprio umbigo? Quantas não vivem simplesmente por viver? Quantas apregoam uma religião de vida na suposta garantia de pertencer depois da morte aos eleitos do Senhor? E o merecimento aqui não conta?

            Quantos e quantos representantes de religiões se fazem de bonzinhos e quanto mais se sentem estudiosos gostam de usar essa falsa sabedoria em fieis que ainda se encontram engatinhando em sua espiritualidade! Antes, esses neófitos do Evangelho se preocupassem tão somente na sua religiosidade do que se fixar numa religião em que os prenderiam numa lavagem cerebral. Falo isso porque senti na pele esse fato. Aconteceu comigo. Quanto mais a gente procura esclarecer outros irmãos dos erros que estão cometendo, trazendo para a Doutrina, rituais e dogmas que em nada pertencem ao Espiritismo, somos caracterizados de obsidiados e os nossos amigos espirituais de obsessores ferrenhos.

            Estamos ainda sendo civilizados diante dos nossos próprios caprichos, viciações, pontos de vistas, fraquezas, obsessões. Essa lista é grande… O que não fez Kardec, Chico Xavier entre outros bandeirantes do Evangelho, de nos trazer a ponta do iceberg espiritual em que eles se nutrem em conhecimento e verdade! A ignorância do homem não é de agora. Há muitas reencarnações em que ela vem dominando a cabeça de muitos povos quanto à essência da Boa Nova.

            Agora fico aqui pensando com os meu botões: quantos anos levaremos para colocar em prática tudo que já sabemos sobre a nossa cristandade? Será que o nosso despertamento se concretizará por meio de sofrimentos e dores mais atrozes? Até onde iria o sofrer humano? Quando nós iremos descruzar nossos braços atendendo as necessidades dos irmãos sofredores talvez até pela nossa própria indiferença e descaso? Cinco, dez, cem, quatrocentos anos ou mais? Teríamos ainda quantas reencarnações no sentido de despertarmos dessa urgência fraternal? Uma, duas, dez, cem, talvez mil? Creio que nesse sentido não será mais em planetas de provas e expiações, mas sim, em mundos onde reinam a violência e a primitividade com toda sua arrogância. Bom… pelo menos o nosso DNA para esse tipo de mundos ainda se encontra impregnado pelo mal por nós praticados. Mas será que esse corretivo seria tão eficaz no sentido de transformar o homem velho, do novo espiritualizado? Ou se assim quisermos interpretar, resgatar nosso ego presente daqueles outros que, vez outra, despertamos, trazendo à tona das nossas concepções ingênuas uma metáfora de como seria domar um animal feroz? Comigo, Caro Leitor Amigo?

14/11/2022 – Até a próxima quarta-feira pessoal. Muita paz.

Aécio Emmanuel César
Médium de psicografia desde 1990, tarefeiro espírita na cidade de Sete Lagoas/MG.

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