Senhoras e Senhores,
Anjos… Como se sente a um anjo da nossa guarda que vê todos os seus esforços serem em vão quanto ao seu protegido? Não é difícil de considerar; bastar-nos-á colocarmo-nos em seu lugar quando tentamos orientar um familiar ou um amigo para o caminho do bem e esses se não nos correspondem com a nossa amorável acolhida. Claro, que aqui, o sentimento de um anjo ou se quisermos, de um espírito superior desse porte, não se iguala a de um sentimento ainda humano. Mas em ambos os casos, valerá sempre pelo auxílio, pela vindita.
Matilde ainda orientava as pessoas que a ouviam numa palestra, narrada por André Luiz em seu livro “Libertação” pela mediunidade de Chico Xavier. Vejamos a última parte: “… o espírito que ensina com amor, embora delituoso e imperfeito, acaba aprendendo as mais difíceis lições da responsabilidade que adquire, transmitindo a outros revelações salvadoras que lhe não pertencem”. Creio que ainda não sabemos amar. E, conquanto, não imaginamos a responsabilidade que teremos quando passarmos a praticar esse Dom Divino. Alimentamos um amor egoísta recheado de vícios alucinógenos que passamos para a nossa parentela, sem refletirmos nas consequências que virão em futuro não muito longe. Difícil, hoje em dia, até dizer as palavras “Eu te Amo”, isentas de chacotas, para alguém, porque mesmo se a dissermos, não são verdadeiras ou sinceras.
O Amor é algo divinizado que ainda estamos no engatinhar na conquista dos sentimentos que o engloba. Muitos poucos que estiveram conosco, nos mostrou o caminho para conquista-lo. Achamos felizes ao lado de personagens ilustres que vivem por amar, mas segui-los…
O Cristo, nosso Senhor e Mestre, foi o maior espírito que esteve corporificado conosco que nos ensinou a amar como se deve. Depois vieram Seus mensageiros divinos, da mesma categoria, ou seja, no mesmo patamar de Bondade: Ghandi, Madre Teresa de Calcutá, Irmã Dulce, Chico Xavier, Eurípedes Barsanulfo e outros tantos espíritos anônimos que doaram de si mesmos, a Centelha Maior do Amor em forma de Caridade legítima. Por que será que é tão difícil amar, sabendo que sem o Amor em nossos corações, estaremos presos às correntes da ignorância sentimental a que todos ainda estamos aguilhoados? Ainda não queremos assumir as responsabilidades de vulto a Ele que nos competem assegurar nossos mais profundos sentimentos.
Falar de Amor é muito complicado, pois é um sentimento intransferível. Cada um terá o seu ceitil por onde debandará terras estranhas levando consigo o alforje do fiel servidor do Cristo. Muitas vezes, no sentido de não mostrarmos esse Divino Sentimento, é por questões ainda sociais, familiares e por conceitos próprios onde exprobamos mais simpatia para com os outros do que identificarmos com o nosso sagrado testemunho, que ainda se encontra longe de testifica-lo em nós. Preferimos ser qual Pedro, ou quem sabe Judas Iscariotes no hora do testemunho que acabou em fracasso.
A fé remove montanhas. Com toda certeza a fé aqui verdadeira. Mas quanto a nossa, não conseguimos sequer um pedacinho de algodão mais livre com o vento do que com a nossa iniciativa de burilar nossos sentidos mais iluminados, no grande afã de fazermos a nossa parte em um mundo que precisa primeiro de Luz Interior para que juntos possamos abrasar a Terra com o Amor Universal.
E seguindo o sentimento desse Anjo de Ternura: “Para que nos reergamos com segurança, depois da queda ao precipício, é imprescindível auxiliar quantos se projetaram nele…”. Arrolamos, de existência em existência, no precipício dos vícios milenares. Melhoramos, sim, mas a caminhada ainda é longa e penosa. Nesse caminho, muito choros e ranger de dentes, que em muitos momentos que nos visitam a alma, passamos em cima, indiferentes, aos descalabros dos outros, como se eles não fizessem parte do nosso escopo ascensional. Sim. Somos ainda espíritos desgraçados precisando urgentemente das muletas da mendicância, auxiliados por espíritos que não os consideramos ainda como nossos Cireneus.
Se estamos no mesmo precipício, com aqueles que já conquistaram conhecimento de causa, temos por obrigação levantar aqueles outros que não restam mais em si que descrença e revolta, raiva e ódio. Por que não socorrê-los? Falamos tanto em Caridade, em como fraternizar com irmãos nossos, nos exemplos deixados por Espíritos Angélicos e nada fazemos em prol do mesmo auxílio fraterno? “A árvore que não produz bons frutos é lançado no fogo”. Sim. Esse fogo é o remorso aterrador que consumirá nossa consciência até que, surrados, de tantos açoites morais que nos visitarão nossa alma, promulgaremos, enfim, nossa participação no Grande Festim de núpcias anunciado por Jesus.
Temos hoje a capacidade de auxiliar os irmãos em queda no mundo. Embora na atualidade deveremos olhar a quem praticar a nossa Caridade, não sendo motivo para cruzarmos os braços deixando com que a nossa hipocrisia faça a diferença. Ser anjo não necessita obter asas, pois eles, legítimos, não precisarão delas porque, alimentados do Amor Transcendental, desviarão o olhar para o Alto, socorrendo na retaguarda, os irmãos que admiram e admitem como consanguíneos do Altíssimo.
E terminando sua belíssima e comovedora palestra, Matilde completa: “O único recurso de fugirmos definitivamente ao mal, é o apoio constante no Bem Infinito. (…) Espírito algum trairá os imperativos sábios do esforço e do tempo!”. Devemos o quanto antes sair da comodidade mórbida a que nos viciamos. O mundo está a espera dos Trabalhadores da Última Hora, não estando, esses, atrás de poltronas acolchoadas ou de púlpitos perfumados temporariamente por flores da Natureza. Arregacemos as mangas; descruzemos nossos braços. Coloquemos água na boca para que o nosso verbo não saia inoculando veneno por onde passarmos. A palavra, como sabemos, sem a obra que a dissemina é morta. Jesus ensinou praticando o que dissera; Ghandi pregou a paz, abraçando os filhos do desespero; Madre Teresa recusou tão somente a prece utilizando suas mãos na cura de úlceras dos irmãos que a procuravam; Irmã Dulce procurou utilizar do seu tempo para levar esperanças àqueles que não tinham mais que amarguras em seus corações; Chico Xavier promulgou a Caridade como sendo a Religião do futuro, reunindo no mesmo teto do Universo, irmãos de todas as crenças; Eurípedes Barsanulfo trouxe novo olhar à sua sementeira de Amor e Caridade, plantando em várias terras áridas, a semente do Evangelho praticado e disseminado como aquela Água que dessedentará todo espírito fiel a conquistar, pelo próprio esforço, a categoria de cristão nas terras do Cruzeiro. Salve o Brasil, Coração do Mundo… Salve como Pátria do Evangelho do Senhor. Salve os verdadeiros cristãos portadores da Boa Nova Rediviva.
E você? Já fizera algo meritório que distinguisse sua presença nas sombras do desespero e da revolta, da insanidade e do descrédito ao Todo Poderoso, Pai de todos nós? Vamos sair em campo procurando alentar em nossos braços, aquela lágrima perdida? Vamos nos aproximar do próximo unindo, antes, não corpo a corpo, mas alma com alma necessitadas, ambas, de muito, muito amor para doar e receber? Só assim sobreviveremos ao temível Apocalipse que não no mundo se dará, mas aquele de dentro de nós, em não atender e atentar quanto a necessidade urgente de Amar a Deus Acima de Tudo e de Todos e ao Próximo como a Nós Mesmos. Levantemo-nos, pois das cadeiras… Desçamos dos púlpitos, igualando-nos como também miseráveis daquele sagrado óbolo da viúva. Comigo, meu Caro Leitor Amigo?
25/05/2023 – Até a próxima quinta-feira pessoal. Divulguem-na para nós. Gratidão.
Médium de psicografia desde 1990, tarefeiro espírita na cidade de Sete Lagoas/MG.