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Quando o Silêncio é Necessário por Jorge Reis

Na maioria dos centros espíritas espalhados pelo Brasil é comum encontrarmos uma pequena plaqueta que traz escrito: “O silêncio é uma prece”.

Eu sempre questionei esta frase, pois a meu ver tratava-se de uma mensagem autoritária que proibia as pessoas de conversarem no interior do centro espírita em qualquer momento. Pensava ainda que o criador da referida frase devia ter sido uma pessoa contrária à realização de algumas atividades no centro, como o canto e a música; o aplauso ou mesmo a uma simples apresentação artística. Além disso, deveria ser contrário ao riso, para não corromper a seriedade da casa e nem desequilibrar sua harmonia etc.

Enfim, esta frase me incomodou por muito tempo, pois sempre considerei o espiritismo como sendo a doutrina da alegria e da liberdade, justamente porque nos ensina sempre a buscar a verdade que liberta. E, todos sabem que quando somos livres, somos alegres.

Felizmente o tempo na maioria das vezes é o melhor remédio e o conhecimento da verdade realmente nos liberta. Isto aconteceu comigo quanto resolvi estudar mais profundamente o porquê de alguém em dado momento ter criado e sugerido que aquela frase fosse colocada nos centros espíritas.

Descobri que o dizer, “O silêncio é uma prece”, ia além do silêncio da palavra, da música, do aplauso etc. Descobri que de nada adiantaria ficarmos de boca fechada, se a mente estivesse pensando negativamente e se comprazendo com o mal.

Reconheci que como cristão e espírita, já deveria ter alcançado este entendimento antes, pois o próprio Mestre Jesus já havia nos alertado que através do pensamento poderíamos estar cometendo o pecado e a Doutrina Espírita nos conclama a vigiar e orar constantemente.

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Demorei um pouco, mas hoje compreendo que o silêncio é muito mais interior do que exterior e que silenciar é estar de bem conosco mesmo, portanto, precisamos empregar esta frase em nosso dia a dia, conscientes de que existem muitas maneiras de exercitarmos o silêncio para demonstrar nosso crescimento interior, sendo também uma das principais ferramentas que prepara o homem no sentido de saber o momento exato de usar a palavra.

Consciente da importância do silêncio, aprendi que:

  • para ser humilde tenho que silenciar sobre minha própria pessoa;
  • para ser caridoso devo ficar em silêncio ao perceber as falhas do próximo;
  • a resignação é o resultado do silêncio diante da dor, entretanto, não posso me acovardar e nem fraquejar diante do sofrimento do próximo e nem diante da injustiça;
  • para ser uma pessoa delicada preciso silenciar quando o outro estiver com a palavra, mas não posso deixar de falar quando um irmão estiver necessitando de uma palavra amiga;
  • a penitência maior que posso fazer é silenciar, para não bisbilhotar e nem falar da vida alheia;
  • se tenho a consciência de que o amor está na natureza em forma de energia, devo silenciar para poder captá-lo; e
  • se existem muitos mistérios na natureza, que ainda não consigo entender, devo silenciar, pois isto é demonstração de sabedoria.

Hoje eu posso dizer que entendo o que é o silêncio, que preciso exercitá-lo e reconheço que a frase “O silêncio é uma prece” partiu da mente de uma pessoa que já tinha a consciência de sua real importância.

Jorge Reis
Ago/2016

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