Aos seguidores de plantão do Dr. Inácio, meu Salve.
Perdão… Qual seria mais difícil: pedir perdão ou perdoar? Existe um abismo entre essas virtudes tão esquecidas por nós, não é mesmo? Para se pedir perdão a alguém que nos maltratou temos que ter uma humildade altruísta diante do nosso ofensor que mesmo nessa atitude ele se vangloriará ainda mais. E perdoar então… aí que a porca torce o rabo. Sendo todos nós falíveis e influenciáveis, onde num planeta que sofre as imperfeições de seus inquilinos, a bondade é ainda uma utopia de difícil concretização.
Você já pediu perdão a alguém que lhe ofendeu? Houve o perdão apenas pela boca ou teve um resultado positivo apagando toda mágoa do coração? Nesse contexto de pedir perdão e perdoar, quem estaria certo, não é mesmo? Quem seria aqui o ofendido e o ofensor? Há “n” questões a serem analisadas.
Diante desse prolegômenos, vamos encontrar Dr. Inácio em conversa com D. Modesta, narrada por ele no seu livro “Sob as Cinzas do Tempo” através do médium Carlos Baccelli. Vejamos algumas citações desse capítulo: “É lamentável a situação de certas entidades além da morte”. Verdade verdadeira. Nascem no mundo indiferente à sua parte espiritual e quando regressam para o Além continuam com a sua sanha de ignorância aos extremos esquecendo – pasmem – de que vieram da Terra. Sempre estão firmes quando o objetivo é tentar afrontar as Leis Divinas em que, mesmo estando do lado contrário à Luz da Verdade, fazem parte também da Criação Divina. São irmãos necessitados e muito da nossa atenção, da nossa caridade envolvendo-os nos braços como faríamos com a nossa parentela consanguínea. Nesse sentido, aqui nem todos pensam assim, vale ressaltar.
A vida continua com seus altos e baixos além-túmulo. Como os homens, os espíritos não se entendem. Cada um tem uma analogia de vida que, mesmo indo de encontro às percepções mais sensíveis da Espiritualidade, não conseguem dar o braço a torcer. Segundo D. Modesta, “não se preparam para a realidade e não se mostram dispostos a admitir os seus equívocos…”. Esses equívocos não deixam de ser muralhas intransponíveis alimentados por espíritos rebeldes e endurecidos. São padres ostentando os vícios religiosos que em nada os ajudaram no sentido de esclarecimento a si próprios quanto a nata de fieis que confiaram seus votos de cristandade. São evangélicos, em que muitos deles se preocupam tão só e somente com a parte material nos seus sonhos de consumo. São espíritas que não desejam expandir os princípios de uma Doutrina dinâmica, crucificando aqueles outros que procuram sua pureza doutrinária, não por palavras, mas pelo exemplo, claro, através da prática da Caridade.
Mesmo com essa carga de imperfeições, Deus sabe que a hora do despertamento chegará no momento certo para cada um de nós. “Deus não violenta consciência alguma.”, desabafou a servidora fiel. Tudo tem a sua hora de despertar, de entender, de refletir, de cogitar, de participar, porque ainda somos inquisidores de nós mesmos.
Voltando ao assunto chave desse capítulo “Tudo se resume no perdão. (…) a maioria dos nossos pacientes no Sanatório são almas que desconhecem o perdão… não perdoam e não se perdoam…”. Creio ser o mal da humanidade. Hoje não se cogita uma conversa amigável, espiritualizada, amiga. Tudo hoje é regido por um bom copo de cerveja ou bebidas alcoólicas mais fortes, drogas, prostituição, brigas, discussões insalubres, morticínios, impunidade. Pais sem preparo algum de criar os filhos. E os filhos, sem eira nem beira quanto à educação religiosa, despertam suas inclinações apenas adormecidas, continuando a fazer suas loucuras do ponto em que deixaram na última estação na carne.
Nessa história de nos sentirmos sempre ofendidos, não levamos desaforos para casa. Muitas vezes resolvemos nossas querelas sentimentais e morais a socos, pontapés, escândalos e assassinatos. Triste cenário esse, não é mesmo? E nesse frenesi descompensado, cada um se fixa na sua loucura íntima. E quem estaria sóbrio de sentimento nos tempos atuais onde hoje se mata por causa de um sorriso? Diante desse entrave entre perdoar e pedir perdão, um sempre dependerá do outro para que as desavenças se concretizem por completo.
Estando-nos todos arraigados ainda num passado negro e obscuro, difícil caminhar adiante com a consciência mais leve se não conseguimos atrelar-nos ao presente sem as réstias de sombra dos pretéritos vividos. Hoje não precisa estar em um Sanatório para ser considerado um louco. A paisagem do mundo podemos considerar, é um hospício a céu aberto onde cada um coloca a sua loucura segundo o grau da sua imperfeição espiritual.
Temos loucuras amenas e mais agressivas. Uma antipatia inesperada, uma maldade indireta, uma perseguição sutil, um pensamento adverso, uma palavra que machuca e fere são resquícios de temperamentos que nos classificam como loucos mansos.
Lembro-me quando estava nas Forças Armadas e a mediunidade aflorou em mim sem que acreditasse em espíritos e na vida que continua após a morte física. Fui preso várias vezes por não conseguir mostrar aos comandantes das bases onde servi minha mediunidade de conversar com os mortos como se estivessem vivos. Aflorou em mim nessa época a clarividência. O último comandante que me “examinou” e que era um psiquiatra depois de me cutucar com perguntas indiretas, disse nunca ter tratado com um doido manso igual a mim. Eu só lembro que disse para ele: “Vou mostrar quem é doido manso aqui”. E apaguei só acordando numa cela com algemas nas mãos e nos pés. No gabinete do comandante, tudo começou a quebrar, vidros estraçalharem, papéis rasgarem sozinhos, livros da biblioteca dele abriam e as folhas era rasgadas ao meio. Não ficou nada inteiro na sala desse comandante. E a partir de então fui expulso sem direito a nada. Pode?
Voltando às loucuras, as mais agressivas chegam num patamar onde homicídios, suicídios são os mais pesados a espíritos que já conquistaram a razão, mas que se encontra – essa mesma razão – nos tempos da primitividade.
“Se não aprendermos a ser indulgentes, não adianta remédio, não adianta Sanatório, não adianta mediunidade. Tudo será paliativo’. Falou bem Dr. Inácio. É tentar enxugar gelo ou se quisermos chupar parafuso pra tornar tachinha. Sem nexo e sem plexo. Tem gente que procura a doença de graça desde que nasce com a ajuda de pais irresponsáveis. Cresce num certo grau de desequilíbrio, apesar de conviver com família e amigos. E quando desperta das burrices que fez, tenta corrigir, mas a gralha das vicissitudes o colocam sempre num degrau não muito apreciável originando violências ao extremo.
Para refletirmos um pouco mais no assunto, vejamos o que D. Modesta disse ao Dr. Inácio: “O perdão é a suprema vitória do homem sobre si mesmo!”. Sim. É o nosso supremo Calvário, vitoriosos de vencer a nós mesmos e ao mundo que nos assiste nas eras e eras perdidas na imensidão da eternidade. Nesse sentido, vamos primeiro reconciliarmo-nos com nosso irmão em desventura, para que assim, de consciência limpa podermos ajuizar nossos feitos a bem da coletividade a qual fazemos parte. Comigo, Caro Leitor Amigo?
28/10/2022 – Até a próxima segunda-feira pessoal. Fiquem em paz.
Aécio Emmanuel CésarMédium de psicografia desde 1990, tarefeiro espírita na cidade de Sete Lagoas/MG.