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Aos seguidores de plantão do Dr. Inácio, meu Salve.

            Casal de sitiantes era os pais de Paulinho. Viver no ar puro da Natureza. Participar da vivência e convivência com os animais. O cantar dos pássaros saudando o dia que Deus nos oferece como acréscimo de misericórdia. Tirar leite das vacas. Apanhar ovos no galinheiro. Regar as verduras tenras. Preparar o solo para novas sementes. Assistir o espetáculo do nascer do sol entre montanhas e vê-lo se despedir deixando com que a noite silenciosa nos presenteie com o seu arsenal de mundos infinitos. Tudo de bom, não é mesmo? Mas…

            No Sanatório, Dr. Inácio decide desamarrar Paulinho que se encontrava mais calmo e sem a influência do espírito obsessor que o assediava. Junto com o doutor, estava Modesta e Manoel Roberto que o observavam. E ela observa uma coisa narrada por Dr. Inácio, pela mediunidade do médium Carlos Baccelli. Vejamos: “O espírito obsessor parece ter um carinho todo especial por esse menino… o seu ódio, ao meu ver, se concentra mais sobre os pais dele…”. Que coisa, não? Se as falanges das sombras não conseguem pegar diretamente seu alvo, procuram, atingir aqueles que mais amam.

            É de se observar, no entanto, que mesmo com toda a atenção desvelada do obsessor com a sua vítima, ele o fazia sofrer por um mal que ele, até então, não merecia passar. A sua vontade contradizia as vontades do jovem tornando-o como marionete em suas mãos. Paulinho tinha um coração bom, embora quando influenciado, se transformava no obsessor que comandava seu corpo como se ele estivesse encarnado. Triste situação essa, não é mesmo?

            D. Modesta veio a comentar também que durante a manifestação desse espírito através dela, narrou ter visto visões de fogueiras queimando pessoas vivas. Nesse cenário de dor, gritos de desespero não ocultavam os vultos negros se deliciando daqueles momentos de torturas. Como marcou a Idade Média comandada por religiosos alimentados por uma fé cega, alucinógena e violenta! O que não faz o ser humano quando lhe colocam nas mãos um poder mesmo passageiro, ilusório e que na grande maioria não é seu!

            Dr. Inácio quando encarnado, gostava de fumar, mesmo sendo aconselhado por Modesta a parar com aquele vício suicida. Como testemunho, eu mesmo fumava três maços de cigarros que não duravam muitos dias. Nessa época iniciava meu desenvolvimento mediúnico. O desenho de rostos foi minha primeira surpresa. Depois veio a psicografia. Todas as vezes que acabava a reunião de desenvolvimento mediúnico, eu corria na cozinha para tomar um café e em seguida acender um cigarro como complemento desse outro vício aterrador.

            O responsável pela reunião me observava a tempos e uma noite me chamou em particular. Disse-me se eu quisesse desenvolver minha mediunidade com segurança eu teria que parar de fumar. Mediunidade e qualquer vício não se batiam. Explicou a razão do seu conselho me mostrando os efeitos que esse vício trazia tanto no corpo físico quanto no corpo espiritual. Foi tão boa essa conversa que nessa mesma noite parei e nunca mais coloquei um cigarro na boca.

            Dr. Inácio alimentava bem esse vício. E disse a D. Modesta: “O cigarro me ajuda a pensar”. De certo modo, toda pessoa que alimenta um vício, tem sempre uma desculpa para dar para não encarar esse ou aquele vício, como mortal. Todo viciado não aceita ser classificado como um viciado, como todos nós não aceitamos estar enfermos, necessitados, urgente, de uma profilaxia mental e espiritual. Ele gostava de estar em sua biblioteca. Sentia bem a observar seus livros comprados com muito sacrifício. Igual a mim. Eram praticamente seus filhos. Principalmente aqueles de edições raras e condenadas pela Madre Igreja, entre ele está o seu favorito: “O Papa Negro” que fala sobre a Inquisição na Espanha.

            Essa fase da humanidade também conhecida como Santo Ofício, trouxe aflição e desespero para muitas pessoas, diante dos conflitos religiosos tidos como hereges. A imposição aqui era marcada por prisões, torturas e mortes. Esses religiosos à frente dessa carnificina não pensavam duas vezes quando encontravam um retardatário que não comungava com os preceitos da Igreja. Aqui a política e religião andavam sempre juntas. Sombra e treva teve seu legado aterrador.

            Coincidência ou não, essa perseguição começou em 1231 liderada por Gregório IX – lembram-se desse nome? Preocupado com a crescente onda de novas seitas religiosas esse representante da Igreja criou um órgão de perseguição àqueles que não comungavam com as resoluções tomadas. E como já sabemos, muitos inocentes entre jovens, mulheres e velhos foram disseminados em nome de uma pureza doutrinária. ????

            Os pais de Paulinho, por fim, vieram saber notícias do filho. Dr. Inácio notou que a esposa do sitiante estava e era uma pessoa estranha. Passava certa intranquilidade. Ele sentiu que ela não se sentia bem no Sanatório, pois com um crucifixo nas mãos pretendia, assim, espantar os demônios que porventura, para ela, ali residiam.

            Eles mesmos não acreditando no Espiritismo não teve outra escolha em levar seu filho para ver se no Sanatório, tinham alguma esperança de cura. Vejamos o que ele diz: “Como lhe disse, somos católicos. Maria das Dores não concorda com a presença de Paulinho aqui, mas não tivemos alternativa”. Tem certas situações que a gente fica sem entender o ser humano. Qual seria então o resultado que desejavam se se negavam de pronto àquela assistência única e privada? Como disse alhures, a necessidade faz o sapo pular, não é mesmo? E tiveram que aceitar a situação como única tábua de salvação.

            Mesmo procurando a Igreja em que eram devotos, o padre não conseguiu dominar o obsessor do seu filho. Mas, mesmo assim, o que não fazem certos religiosos para mostrar um poder paradoxal teórico, mas que na prática é diferente, não é mesmo? Divisões, conflitos são marcas registradas de como a mente se manifesta nos quadrantes personificados da religiosidade de cada um. Não estou aqui promovendo polêmicas. De forma alguma. Só que analiso por evidências, por um ângulo em que, às claras, os acontecimentos que nas igrejas repercutem, às vezes, não são tão toleráveis, não apenas diante dos homens, mas diante de Deus também. Estariam certos ou errados? Cabe a cada um fazer esse questionamento. É o mesmo que em determinada religião não aceita a transfusão de sangue escolhendo, esses religiosos, a morte de um parente do que salvar sua vida acima de qualquer intervenção religiosa. É assustador, não é mesmo?

            Daí fico pensando aqui com meus botões. Pois é… Se se tivéssemos apenas uma religião a seguir, essas barbaridades religiosas que vemos não estariam sendo praticadas ao léu. Não digo totalmente extintas, mas diminuiriam bastante esse personalismo doentio. Digo aqui uma única religião nos moldes da Caridade uns com os outros que fique bem claro. Muitos representantes religiosos, infelizmente, estão introduzindo uma política que macula e muito a essência do Evangelho. Ao contrário de religar, estão simplesmente distanciando uma da outra. Qual objetivo então que teriam agindo dessa forma? Salvar a própria alma estando arrotando petições escabrosas do desejo de ver sem acreditar? Ou do sentir e se perder nas conjecturas do materialismo fugaz? Nesse segmento, vamos refletir no seguinte pensamento de Mahatma Ghandi que disse: “Deus não tem nenhuma religião”. Já pensou a respeito, meu Caro Leitor Amigo?

09/09/2022 – Aguardo vocês na próxima segunda-feira. Muita paz para todos nós.

Aécio César Aécio Emmanuel César
Médium de psicografia desde 1990, tarefeiro espírita na cidade de Sete Lagoas/MG.

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