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Cap. 1 – No Sanatório

Aos seguidores de plantão do Dr. Inácio, meu Salve.

             Devemos considerar que, quando nos aparece uma enfermidade em que os médicos não conseguem um diagnóstico mais preciso e, com o passar do tempo ela só vai piorando, muitos recorrem à muitas terapias e simpatias no intuito de amenizar ou curar essa ou aquela enfermidade, não é mesmo?

            No entanto, vendo que todas as possibilidades de cura esvaíram-se entre os dedos e entre os bolsos, o único recurso é apelar para uma Doutrina que lida com os Espíritos. É difícil, sabemos, quando somos de uma religião e nos vemos obrigados a recorrer a outra como última esperança.

            Foi o que aconteceu nesse capítulo primeiro do livro em análise “Sob as Cinzas do Tempo”. Um fazendeiro de posses, vem lutando com o seu filho de dezessete anos com uma enfermidade que nenhum médico conseguiu diagnosticá-lo. Seu nome era Pedrinho. O pai não acreditava no Espiritismo e se não acreditava o que estaria fazendo num Sanatório Espírita? A necessidade faz o sapo pular, não é mesmo? Muitas vezes temos que dar a mão à palmatória. Mas o medo e o receio de algum conhecido descobrir que ele fora visto numa instituição espírita será um Deus nos acuda. Por isso todo sigilo era pouco.

            Esse rapaz chegou ao Sanatório de Uberaba amarrado porque tinha crises muito violentas. Atacava a todos sem olhar a quem. Nem mesmo o exorcismo auxiliou o menino porque a mãe era católica de carteirinha. O problema dele não era uma qualquer obsessão. Tratava de coisa pior. Vejamos o que Modesta revela para o Dr. Inácio: “Pude ver o espírito que o possui – ainda não vi nada igual por aqui. Ele escondeu o rosto mas pude perceber que se tratas de um homem vestido de batina. Acho que é um frade”.

            Devemos considerar na citação acima, que muitos responsáveis por assassinatos em massa – tipo a Inquisição – não eram flores que se cheirassem mesmo sob uma batina. Não só eles, mas temos muitos mistérios ainda a serem solucionados e muitos deles, sentimentais. É delicado esse assunto, pois que não sabemos até onde nos chega a paixão desvairada metamorfoseada, hoje em dia, em amor. Contudo, Amor genuíno não pune, não escraviza, não mata.

            A Igreja por sua vez fez milhares de vítimas por não aceitar opiniões contrárias às suas. Me fez lembrar aqui os cristãos que também morreram nos circos de Roma por abraçarem a Boa Nova que surgia com o Mestre Jesus. E, de lá pra cá não mudou muita coisa, estou certo? As rivalidades religiosas a cada dia são numerosas. Todos os representantes de cada uma delas ditam normas e leis mostrando ser a religião verdadeira. Para mim, a legítima religião é a Caridade uns com os outros e o verdadeiro templo a que todos deveríamos adorar é o nosso lar.

            Portanto, D. Modesta que era vidente, não conseguiu a princípio ver quem se tratava, mas revelou ao Dr. Inácio ser um religioso. E esse espírito tinha um poder voltado para o mal tão grande que fez com que todo o Sanatório entrasse num caos, num desequilíbrio nunca antes visto.

Muitas vezes, nos pegamos fora do controle. Hajam remédios para controlar os ímpetos mais selvagens. É que ainda trazemos conosco, resquícios da selvageria que alimentávamos em tempos não muito idos. Somos mais movidos pelo instinto do que pela razão. Um e outra se mesclam em situações que nos testam nossa personalidade ainda fragmentada. O mal ainda reside em nós mas, estamos nos adaptando ao Bem como sendo aquela luz no fim do túnel.

Praticar a Caridade será nossa carta de alforria para galgarmos com mais consciência, o que Jesus nos ensinou como salvação das almas. O sofrimento grassa entre os povos e ainda somos insensíveis ao depararmos com irmãos nossos caídos no chão. A que ponto chegou a humanidade… Enquanto muitos se esbaldam em festas, comes-e-bebes, distrações, muitos estão morrendo de fome pela nossa indiferença e descaso. Crueldade demais.

Até que ponto somos normais em que a personalidade humana está enferma? Quem é quem nesse cenário dantesco? Até onde vai o prazer de fazer o mal diante do Determinismo Divino que é só o Bem? Revoltas, insatisfações, ódio, mortes são qualificações que alimentamos em nosso ser. Muito trabalho não é mesmo no sentido de nos curarmos de tanta insanidade. E ao preço de que? Apenas lágrimas, revolta, ódio alimentado em exclusivo pelo mal.

Somos e estamos a cada momento sendo sugestionados. E cá para nós, mais pelas fraquezas que alimentamos: A gula, a avareza, a luxúria, a ira, a inveja, a preguiça, o orgulho e a vaidade são ácidos venenosos que gradativamente os colocamos sobre a candeia das nossas virtudes até então por elas aprisionadas e que olvidamos suas consequências.

Mesmo diante desse caos onde as sombras nos envolvem, temos tudo ao nosso favor para sairmos dessa concha dos instintos ganhando subsídios para que as nossas más tendências sejam desbaratadas pela Luz Maior do saber e do sentimento. Façamos, pois, desde já campanhas de fraternidade tirando a visão circunscrita tão somente do nosso umbigo. Vamos realizar algo no sentido de trazer um pouco de paz à nossa alma. Como? Amemo-nos primeiro para que assim, despidos da lisonja das vicissitudes, possamos revelar para o mundo, Deus em nós e por nós. Vamos cair em campo ainda hoje? Façamos de tudo para não ficarmos em situações como no jovem acima citado. Deus é mais, mas para que Ele se manifeste mais diretamente em nós temos que fazer a nossa parte para termos o merecimento do nosso suor e das nossas lágrimas à favor dos nossos semelhantes. Comigo, Leitor Amigo?

01/09/2022

Aécio César Aécio Emmanuel César
Médium de psicografia desde 1990, tarefeiro espírita na cidade de Sete Lagoas/MG.

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