Aos seguidores de plantão do Dr. Inácio, meu Salve.
Lembranças… O quanto elas valem no sentido de alimentarmos o tempo por elas gasto? Lembranças que nos emocionam, que nos castigam, que nos cativam, que nos desesperam… Quantas e quantas vezes lembramos de algo que procuramos corrigir. Uma palavra incompreendida… Uma resposta ríspida… Um impulso agressivo… Claro que, mesmo pensando em situações que nos acabrunham até hoje, não procuramos corrigirmos a contento. Nosso orgulho aqui em não aceitarmos o óbvio, seria bem maior que o nosso bom-senso?
Dr. Inácio voltou ao Sanatório e sentiu muitas mudanças. É o que ele narra em seu livro “Do Outro Lado do Espelho”, através do médium Carlos Baccelli. E para pior, diga-se de passagem. “Aquilo estava cheirando a desunião e ambição trabalhar mesmo, que é bom, quase nada queriam…”. Tenho um testemunho para dar. Conheci uma presidente de um Centro Espírita aqui da minha cidade, que em momento algum ela passou o seu cargo para alguém da diretoria que ela confiasse. Pelo visto ela não confiava em ninguém por mais que a amizade com o pessoal da diretoria fosse sincera. Desencarnou tendo a pecha de presidente ortodoxa.
Contudo, pelo fato por mim narrado no parágrafo acima, o pior veio depois do seu desencarne. Aqueles que sempre obedeciam seus direcionamentos, todos da diretoria desejavam algumas mudanças para melhor que, para a presidente, seriam desvirtuar ou macular tudo que tinha construído até então. Pois bem… Após o seu desencarne uma nova diretora foi feita. O novo presidente que já tinha experiência o bastante para não fazer o que a presidente tinha feito, piorou mais o quadro nessa Casa Espírita. Agora, nenhum expositor de fora é aceito para fazer palestras. Não participa de encontros com outros Centros. Nada de conselhos que não parte da nova diretoria. Fecharam-se numa redoma de egoísmo às claras onde mesmo não sentindo as sombras a envolve-los, ainda se pecham de espíritas fieis… só se for do egoísmo e orgulho até então alimentados. Triste, não?
Dr. Inácio, creio eu, estava sentindo mudanças que não valeriam tantos esforços por aqueles que procuraram levar o seu trabalho no melhor possível onde as suas consciências pudessem aclarar o melhor para novos direcionamentos. Nas palavras de Manoel Roberto: “Pelo que vejo, o senhor não passa de um retrato na parede…”. Essa citação parece simples, mas terá um valor excepcional no meu comentário de hoje. Quando desencarna alguém da nossa família, muitos familiares procuram se desfazer de tudo que as lembranças os fazem despertar mais choros, abatimentos, remorsos… a lista é grande para tal situação. E assim, aqueles que porventura amamos quando conosco, ficarão apenas nas lembranças que o tempo irá apagando das nossas mentes até que nem das fisionomias lembraremos bem. O que é a morte para esses, não? Destruição total dos laços familiares.
O que não fazem certas religiões no sentido de apagar de vez nossos parentes e amigos que conviveram conosco por bons anos, não é mesmo? As lembranças aos poucos vão tirando eles da nossa convivência, do nosso meio familiar, da nossa roda de afetos queridos. A ausência deles se torna num martirológico incontido e, quando não substituído por alguém ou por alguma coisa. Passam a ser uma utopia lembrar deles em que a morte encarregou de separá-los de nós para sempre. E o tempo corre. As horas são preenchidas pelo corre-corre da vida pela sobrevivência e nossos desafios e os obstáculos do caminho aos poucos apagam-lhes de vez da nossa mente que nem mesmo uma prece lhes são oferecida por gratidão.
Dr. Inácio presenciou uma situação alarmante: “… os pacientes estavam semiabandonados nos pavilhões; doentes psiquiátricos, mais que remédio, precisava de conversa e de conversa boa, sincera, descontraída”. Infelizmente o quadro médico da atualidade é uma vergonha para não dizer outras palavras. “A Medicina sem idealismo é um… carma para doentes e isto para não colocar outra palavra nas reticências”. Sei o que Dr. Inácio quis dizer nessas reticências. Senti na pele esse descaso médico.
Anos atrás apareceu um caroço nas minha costas. No princípio era pequeno parecendo um botão de camisa entranhado na minha pele. Com o tempo ele foi aumentando de forma que começou a sair um líquido com pus e sangue com um cheiro insuportável. Iniciei uma via sacra do Hospital Municipal da minha cidade e o P.A., ou seja, Pronto atendimento. Não sei precisar quantas idas e vindas a esses dois locais sem que uma orientação fosse a chave do sofrimento que passava. O descaso, com o passar dos meses foi tanto que cheguei até em ir numa clínica veterinária. Conversando com o veterinário expliquei meu caso e a ele pedi que olhasse para mim não como um ser humano que no momento não me achava à altura, mas um animal de quatro patas, que entrando ferido nessa clínica ele se apiedasse dele e pelo olhar de abandono, retirasse aquele vulcão fedorento que expelia muito pus e sangue pisado.
Meses e meses não conseguia dormir numa cama. Era sentado numa mesa a noite toda com aquele líquido a escorrer pelas minhas costas inconteste. Ele, o veterinário, me pediu outro recurso para mim inválido. Só sei que um escândalo que fiz no hospital foi tão constrangedor que os médicos resolveram tirar, com tratamento aquele caroço que já estava deslocando uma vértebra de outra de minha coluna. Foi muito triste essa minha situação. Um aprendizado e tanto para a minha caminhada nesse mundo de meu Deus.
Dr. Inácio encontrou nos corredores do Sanatório entidades que ele procurou doutrinar nas reuniões das quartas-feiras de desobsessão. E o que é pior para elas é que viciaram em vampirizar. É o tal negócio: De tanto vampirizar muitas pessoas, elas se tornaram viciadas nesse mal contento. É sempre assim e muita gente não aprende até que o tiro sai pela culatra. Não é mesmo? Aquele Sanatório se transformou, sim, num hospital onde a Caridade era posta onde espíritos encarnados e desencarnados brigavam, ali, por um pedacinho de espaço. Antes ali do que perturbando transeuntes e incentivando a criminalidade, não é mesmo?
É… Lembranças… Boas ou ruins fazem parte do nosso contexto de existências. Luz e sombras nos acompanham dia a dia. O Bem e o Mal são diretrizes que as nossas escolhas se fazem objetivas. Dependerá em exclusivo, como anda lá os nossos sentimentos. Para reflexão, vamos analisar esse pensamento de Cecília Meireles: “De que são feitos os dias? De pequenos desejos, vigorosas saudades e de silenciosas lembranças”. Lembra do que lhe perguntei no início desse meu humilde comentário. Não né? Cabecinha voada. Acertada ou não minha pergunta, até aqui, Caro Leitor Amigo?
17/02/2023 – Até a próxima segunda-feira pessoal. Divulguem-na para nós. Gratidão.
Aécio Emmanuel CésarMédium de psicografia desde 1990, tarefeiro espírita na cidade de Sete Lagoas/MG.