Aos seguidores de plantão de André Luiz, meu salve.
Pessoal. Toda terça-feira teremos esse estudo dessa obra. Conto com a presença de todos vocês.
Difícil foi, para mim, iniciar esse prefácio. Não tenho, por assim dizer, caracteres de desenvoltura cerebral, no sentido de desenvolver critérios de associação de entendimento. Portanto, resolvi fazer esse prolegômenos, com o insigne prefácio de André Luiz contido nessa obra. Com toda certeza, ele nos indicará o caminho certo para uma análise em comum acordo de receptividade e coerência, eu, você e os amigos espirituais. Prontos para a jornada? Voilá. Com vocês André Luiz.
Ajustadas a supremo conforto, no oceano das facilidades materiais, não se forram as criaturas humanas contra os pesares da solidão e da angústia. Nesse navio prodigioso a que chamamos civilização, estruturado em largueza de conhecimento e primor de técnica, instalam-se os homens, demandando o porto que já alcançamos pelo impulso da morte. Contudo, isso não impede regressemos ao bojo da nave imponente para alertar o ânimo dos viajores nossos irmãos, com passaporte imprescritível para o mesmo país da Verdade que os espera amanhã, quanto ontem nos aguardava.
E voltamos porque a suntuosidade da embarcação não está livre do nevoeiro da ignorância a lhe facilitar a incursão entre os rochedos do crime, nem segura contra a violência das tempestades que lhe convulsionam a organização e ameaçam a estrutura.
Realmente, dentro dela, atingimos luminosa culminância no setor da cultura, em tudo o que tange à proteção da vida física.
Sabemos equilibrar a circulação do sangue para garantir a segurança do ciclo cardíaco, mas ignoramos como libertar o coração do cárcere de sombras em que jaz, muitas vezes, mergulhado na poça das lágrimas, quando não seja algemado aos monstros da delinquência.
Identificamos a neurite óptica com eliminação progressiva dos campos visuais, e medicamo-la com a vantagem possível, na preservação dos olhos; entretanto, desconhecemos como arrancar a visão às trevas do espírito.
Ofertamos braços e pernas artificiais aos mutilados; contudo, somos francamente incapazes de remediar as lesões do sentimento.
Interferimos com vasta margem de êxito nos processos patológicos das células nervosas, auscultando as deficiências de vitaminas e enzimas, que ocasionam a diminuição da taxa metabólica do cérebro; todavia, estamos inabilitados a qualquer anulação das síndromes espirituais de aflição e desespero que agravam a psicastenia e a loucura. Achamo-nos convictos de que a hidrocefalia congênita provém da acumulação indébita do líquido céfalo-raquiano, impondo dilatação no espaço por ele mesmo ocupado na província intracraniana; no entanto, não percebemos a causa fundamental que a provoca. Ainda assim, não voltamos para confabular com aqueles que se sintam acomodados ao desequilíbrio.
Retornamos à convivência dos que contemplam o horizonte entre a inquietação e a fadiga perguntando, em pranto, sobre o fim da viagem.De espírito voltado para eles, os torturados do coração e da inteligência, aspiramos a escrever um livro simples sobre a evolução da alma nos dois Planos, interligados no berço e no túmulo, nos quais se nos entretece a senda para Deus… Notas em que o despretensioso médico desencarnado que somos — tomando para alicerce de suas observações o material básico já conquistado pela própria ciência terrestre, material por vezes colhido em obras de respeitáveis estudiosos —, pudesse algo dizer do corpo espiritual, em cujas células sutis a nossa própria vontade situa as causas de nosso destino sobre a Terra.
Páginas em que conseguíssemos aliar o conceito rígido da Ciência, compreensivelmente armada com todas as afirmações que não possa esposar pela experimentação fria, e a mensagem consoladora do Evangelho de Jesus-Cristo de que o Espiritismo contemporâneo se faz o mais alto representante na atualidade do mundo… Um pequeno conjunto de definições sintéticas sobre nossa própria alma imortal, à face do Universo…
Todavia, para tal empreendimento, carecíamos de instrumentação mais ampla, motivo pelo qual nos utilizamos de dois médiuns diferentes, em lugares distintos, dois corações amigos que se prontificaram a receber-nos os textos humildes, dos quais se compõe a nossa apagada oferta.
Foi assim, meu amigo, que este livro nasceu por missiva de irmão aos irmãos que lutam e choram.
Se não sentes o frio da noite sobre o revolto mar das provações humanas, entorpecido na ilusão que te faz escarnecer da própria verdade, nossa lembrança em tuas mãos traz errado endereço.
Mas se guardas contigo o estigma do sofrimento, indagando pela solução dos velhos problemas do ser e da dor, se percebes a nuvem que prenuncia a tormenta e o vórtice traiçoeiro das ondas em que navegas, vem conosco!… Estudemos a rota de nossa multimilenária romagem no tempo para sentirmos o calor da flama de nosso próprio Espírito a palpitar imorredouro na Eternidade e, acendendo o lume da esperança, perceberemos, juntos, em exaltação de alegria, que Deus, o Pai de Infinita Bondade, nos traçou a divina destinação para além das estrelas.
Prefácio por André Luiz – Livro: Evolução em Dois Mundos – Uberaba, 23 de julho de 1958.
25/06/2024 – Até a próxima terça-feira pessoal. Divulguem para nós. Obrigado.
Aécio Emmanuel CésarMédium de psicografia desde 1990, tarefeiro espírita na cidade de Sete Lagoas/MG.