Em nossa tarefa espiritista é preciso não esquecer o imperativo da tolerância.
Em muitas ocasiões somos surpreendidos pela tormenta das sombras, induzindo-nos a cair no espinheiro das reações descabidas, que não operaria, ao redor de nós, senão o desequilíbrio e a perturbação que nos cabe evitar.
Em semelhantes momentos o golpe da perseguição e o brio ultrajado constrangem-nos à defesa aparentemente justa. No entanto, ainda aí é indispensável nossa acomodação com o silêncio e com a prece, para melhor discernir a atitude que nos compete.
O Senhor, na oração, revelar-nos-á o impositivo da serenidade e da paciência.
E a verdade cristalina ensinar-nos-á a enxergar o desespero onde reponta a crítica indébita, a infantilidade onde prevalece a mentira, a loucura onde surgem o azedume e a condenação.
No coração governado pelo amor de Jesus, não há lugar para a dignidade ferida, porque a dignidade do discípulo do Evangelho brilha, acima de tudo, no perdão incondicional das ofensas e no serviço incessante à extensão do bem.
A língua acusadora ou ingrata é bastante infeliz por si mesma e as mãos que apedrejam e dilaceram trazem consigo o suficiente infortúnio.
Abstenhamo-nos, pois, de julgar, não porque nos faleçam conhecimentos ou valor, mas porque somos servidores da Causa de Cristo e, somente ao Senhor, cabe a supervisão da obra redentora a que fomos chamados.
Não vale precipitar ações e conclusões.
Nem basta simplesmente convencer.
A Tolerância construtiva do bem que não repousa ser-nos-á infatigável guardiã no espaço e no tempo, favorecendo nos outros, tanto quanto a nós mesmos, a visão clara da vida.
Exercê-la é preservar o sublime trabalho que nos foi confiado, aproveitando a dor e obstáculo, como recursos preciosos de nossa união fraternal, junto ao tesouro da experiência evangélica.
Saibamos, assim, desculpar as trevas em más arremetidas inúteis, valorizando a luz que o Divino Mestre nos concedeu para o caminho de ascensão.
Recordemos que a Ele próprio não se reservou, na Terra, senão a cruz do supremo sacrifício, da qual endereçou ao mundo inteiro a bênção do silêncio e da humanidade, do perdão e da renúncia por mensagem maior.
Atentos, desse modo, aos nossos compromissos com a verdadeira fraternidade, estejamos vigilantes, entre a riqueza do trabalho e a graça da oração em nossos santuários de serviço, na convicção de que o campo de nossas atividades pertence ao Mestre e Senhor.
E, na certeza de que, agindo sob as normas do amor de que somos depositários, tê-lo-emos em toda a parte por Advogado Infalível a pronunciar-se por nós no momento oportuno.
Eurípedes Barsanulfo
(Psicografia recebida por Francisco Cândido Xavier em Pedro Leopoldo-MG no dia 16 de Julho de 1954. Lembrança do Culto do Amor Cristão da Casa do Caminho de Sacramento-MG em 1º de Maio de 1996. Mensagem compartilhada pelo médium Emmanuel Alves da Silva de Conquista-MG no dia 12 de novembro de 2017 durante o programa Vivência Espírita de número #647)