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Comemoramos 160 anos da primeira edição da obra basilar da Codificação Espírita: O Livro dos Espíritos.

Ao refletirmos sobre isso, surgiu um ponto que gostaríamos de abordar no editorial deste mês: sobre a questão da evolução da própria Doutrina Espírita.

Assunto polêmico para alguns dos nossos irmãos da lide Espírita, que ainda acreditam que tudo está no que Allan Kardec escreveu, e que nada deve pode ser adicionado, em nome de uma chamada “pureza doutrinária”.

Acreditamos, sim, que a Doutrina não pode ser adulterada, e nem que elementos estranhos sejam introduzidos, sem que haja o amparo do bom senso e na constatação científica dos fatos; porém, jamais poderemos concordar que ela foi concluída com o que o Mestre Lionês nos deixou, pois seria o mesmo que não aceitar o progresso que a ciência e a tecnologia nos trouxeram daquele século para este.

Sem desconsiderar, a bem da verdade, que precisamos reconhecer que tudo evolui, fruto do progresso intelectual e moral dos terráqueos, quer encarna-dos, quer na situação de desencarnados. E, já que falamos nisso, até mesmo Kardec nos advertiu da necessidade do desenvolvimento, quanto ao Espiritismo.

Quanto ao caráter progressivo do Espiritismo, em A Gênese podemos encontrar no item 55:

“Um último caráter da revelação espírita, a ressaltar das condições mesmas em que ela se produz, é que, apoiando-se em fatos, tem que ser, e não pode deixar de ser, essencialmente progressiva, como todas as ciências de observação.”

Neste mesmo item, ao finalizá-lo, Allan Kardec taxativamente afirma que, devido a esta sua característica intrínseca, jamais seria ultrapassado:

“Caminhando de par com o progresso, o Espiritismo jamais será ultrapassado, porque, se novas descobertas lhe demonstrassem estar em erro acerca de um ponto qualquer, ele se modificaria nesse ponto. Se uma verdade nova se revelar, ele a aceitará.”

Tanto assim que Espíritos como Emmanuel, André Luiz, entre muitos outros, vieram ampliar, após Kardec, à sua Codificação, ajustando-a, ampliando-a, de acordo com a evolução da ciência e da própria capacidade do ser humano terrestre entender, em maior profundidade, novos conceitos, e poder aceitar informações que não estariam à altura da capacidade de aceitação, fruto das crenças e da cultura ainda reinante à época de Allan Kardec.

Ademais, não podemos olvidar que Kardec, e, junho de 1860, próximo de seu desencarne (1869), foi notificado, pelo Espírito de Verdade, de que voltaria para completar o que ficaria incompleto naquela existência. Leiam “A minha volta”, em Obras Póstumas.

Em contrapartida, não podemos deixar de expressar nossa preocupação com a onda de “novidades” e “conclusões apressadas” de alguns nossos ir-mãos.

Muita coisa está sendo publicada sem a devida verificação da fonte e das informações contidas em suas comunicações. Antigamente, Espíritos de envergadura costumavam se comunicar com médiuns reconhecidamente pre-parados para tal; hoje em dia, há uma infinidade de médiuns recebendo estes mesmos seres luminares… Será que isso é confiáveis? As informações são verificadas, quanto à acurácia? Até que ponto não está ocorrendo fascinação? ou animismo?

Diante da responsabilidade do que está sendo deixado escrito, e do com-promisso que devemos ter para com a verdade, não seria o caso de se sub-meter à uma avaliação criteriosa de pessoas preparadas, antes que as obras sejam disponibilizadas no mercado?

Não poucas vezes, constatamos absurdos doutrinários sendo publicados, contradizendo os ensinos que nos foram passados por Kardec, Léon Denis, André Luiz, Emmanuel, etc. Se algum ensinamento precisar ser atualizado, que seja provado, antes que os mesmos sejam aceitos pelo simples fato de algum Espírito o ter passado. Não nos esqueçamos, ao escrever alguma coisa, que nem todos estão preparados para avaliar o que estão lendo, e que, muitas vezes, confiam cegamente no discernimento do autor.

Permaneçamos na paz que o Nosso Mestre nos desejou!

Fábio Dionisi

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