Senhoras e Senhores,
Venenos… Não estarei aqui relacionando-os com os que conhecemos. Outros existem em que fazem um estrago tanto para o corpo quanto para o espírito. Somos, sim, mal-educados no quesito disciplina; somos irresponsáveis quanto ao nosso pensar; somos sabatinados pela nossa consciência, mas que não atendemos aos seus avisos porque ainda somos idólatras de nós mesmos.
Guardamos em nós o acúmulo de lixo mental em que a fedentina se espalha pelos nossos poros sem que o melhor perfume possa abafar nosso cheiro nauseabundo natural. Somos escultores do nosso destino, sem que o nosso espírito consiga moldar-se com o corpo que o reveste. Temos certas regalias que se nos tornam mais prisão do que liberdade. Pensamos ao léu e por causa da nossa invigilância na prole mental em que se nos tornamos partícipes de incontáveis crimes, não conseguimos aliar razão e sentimentos no que tange à nossa carta de alforria.
Seja qual seja o sofrimento a nós imposto, deveremos usar da reflexão quando nos alternem primitividade e ignorância como combustíveis de alto teor alucinógeno nos flagelando nos seus miasmas em que tudo é prazer volúvel, passageiro, ilusório. O mundo não é uma praça de academia onde gastamos tempo com o corpo esquecendo de exercitar a alma. O que nos salvaguardará um corpo perfeito aos olhos dos homens, se a nossa fonte de vida, raquítica, carente de substâncias energéticas quais a vigilância e a prece são fatores espirituais não tão bem aceitos e não creditados como forma de recompor nosso status quo verdadeiro?
Ainda nesse comentário, estamos analisando a médium que se entregava todas as noites aos seus obsessores, acreditando, ela, serem seus protetores espirituais. É certo que enquanto em vigília não temos compreensão do que fazemos quando libertos do corpo físico através do sono. Milhares e milhares de almas são atraídas por vícios que, enquanto acordados, são, muitas vezes, impedidos de alimentar o ego presente absorvente dos egos preponderantes do passado. Acreditar ou não nisso não mudará as formas de nomenclatura pelas quais nos tornamos seus dependentes mais diretos.
E ainda no diálogo entre o falso amigo e a médium: “Estude a senhora o próprio caso. Consulte cientistas competentes. Leia as ultimas novidades em psicanálise e não perca sua oportunidade de restauração, sob pena de enlouquecer. (…) “falo-lhe em nome das Esferas Superiores na qualidade de amigo fiel”. Aqui está o sutil veneno das trevas quando encontra servidores desavisados quanto ao estudo das Leis Verdadeiras que nos regem. Muitos estudiosos das obras que compõem o Espiritismo, afirmam fielmente que compreendem suas máximas, mas que estão longe de entender essas máximas no seu modus vivendus sempre operante.
Vários conceitos para desviar nossa atenção ao foco principal da nossa reforma íntima se nos visitam a alma sequiosa por liberdade. Contudo, fora de um conhecimento mais preciso e direto da nossa espiritualidade, difícil divisar o grande axioma: “Fora da Caridade não há salvação”. Desculpas várias se nos fazem devedores do Evangelho onde ainda estamos sobre os púlpitos dos credos que associamos como nossos de direito, sem que para isso consigamos nos nivelar aos sofredores que também, bem mais o somos.
Creio que hoje em dia a Caridade se expressa por várias linguagens, contudo não se adequa à sua legitima significação. A justiça dos homens tal qual ela assim representa, nos emudece, nos tapa olhos e ouvidos no sentido de acomodarmos com a situação sem que para isso ergamos nossos braços aos céus pedindo alento, socorro, intervenção. Mas, para que possamos ser agraciados pela Intervenção Divina, o merecimento se torna o aval para que possamos assentir ao trabalho incondicional e voluntário. Agindo-nos assim, com certeza a atmosfera da Terra irá aos poucos irradiando luz às sombras que teimam em permanecer na nossa trajetória, no nosso caminho, no nosso emaranhado “porquês” da vida, porque sempre estamos pedindo a sua presença conosco. É fato.
Sidônio, juntamente com André Luiz vendo para onde iria dar aquela conversa, se materializou diante da médium que o viu assustada, longe de o perceber o obsessor ardiloso: “Vejo Sidônio, nosso devotado amigo espiritual!”. E tentando persuadi-la no que estava realmente vendo, o espírito das sombras a adverte: “Nada disso. A senhora nada vê. É pura ilusão. Abandone o vício mental para furtar-se a maiores desequilíbrios”. É o que mais acontece conosco e ao acordarmos não lembrando dos acordes sombrios que nos envolveram, agimos maquinalmente, como se crê, muitos, pela vontade de Deus. Será?
Devemos considerar aqui que Deus sempre está agindo em nós, porém, ao distanciarmos da Sua direta influenciação, caímos nos despenhadeiros da dúvida, da descrença, onde traçamos trilhas no sentido de encurtar os sofrimentos sempre orientados por entidades inferiores astutas que sabem trabalhar muito bem os nossos pontos fracos. Se elas fazem isso com médiuns de mediano conhecimento espiritual, o que não fazem com aqueles que desvirtuam espiritualidade com religiosidade num misto de carência e insubordinação insensíveis ao toque, à audição, à fala, à visão, à sua inteira disposição?
Vendo que aquele doloroso vício – o do ciúme – não a deixava se livrar daquelas entidades, Sidônio resolveu buscar o marido que excursionava nos planos espirituais com a saída temporária do sono avisando-o que voltasse ao corpo físico na tentativa de aconselhar sua esposa pelo mal que a vitimava diretamente.
E despertando-a ela acorda desorientada: “Oh! Como sou infeliz!…”. E o marido atencioso: “Lembra-te querida de nossa fé e de quanto temos recebido de nossos benfeitores espirituais”. (…) Nada disso! – retrucou, irritada”. (…) Tudo é uma farsa. As mensagens que recebo são pura atividade de minha imaginação. Tudo é expressão de mim mesma”. Vejamos como agem as sombras para desvirtuarmos do caminho reto. Pela invigilância de um segundo, poderemos arruinar anos a fio de trabalho fraterno e compensador.
E não adiantou os conselhos do marido de que novamente tinha caído nas malhas dos infelizes sofredores, tornando-se também a sua mais nova vítima da inconsequência. Difícil aceitarmos como obsedados mesmo quando cumprimos – maquinalmente – vale lembrar, de nossas atividades religiosas. Agora, será que a vigilância e oração poderão nos isentar temporariamente das tentações, sabendo que, ociosos, na zona de conforto que nos acomodamos, teremos algum álibi da Misericórdia Divina mais direta, ou seremos tragados pelo furação das nossas intempestivas escolhas nada agradáveis, absorvendo, impávidos, com o sutil veneno alucinógeno da carência afetiva-religiosa que nos intoxica – corpo e alma – gota a gota? Vale a dica. Estarei mentindo, meu Caro Leitor Amigo?
06/04/2023 – Até a próxima quinta-feira pessoal. Divulguem-na para nós. Gratidão.
Aécio Emmanuel CésarMédium de psicografia desde 1990, tarefeiro espírita na cidade de Sete Lagoas/MG.