“ESTOU QUITE” ou “ESTOU QUITES”?
Correto: estou quite.
Explicação: o adjetivo “quite” flexiona-se no plural, e significa: ficar livre de uma obrigação. Este termo segue, portanto, a mesma regra que os demais adjetivos de nossa Língua; assim: estou “tranquilo” – estamos “tranquilos”; ele está “contente” – nós estamos “contentes”; portanto: estou quite com a prestação de minhas contas – estamos quites com a prestação de nossas contas; e você está quite com suas obrigações?
Exemplos: – Cristina está sempre quite no atendimento aos serviços que presta à sua clientela.
– Rafael e Renato estão quites depois que saldaram a última prestação das compras que fizeram.
Curiosidade: o termo “desquitado” é derivado do adjetivo “quite”, que significa ficar livre de uma relação afetiva, e, assim, o casal fica quite, ou seja, os dois ficam quites ou livres de viverem, por obrigação, juntos.
[mc4wp_form id="3050"]“ELES MESMO” ou “ELES MESMOS”?
Explicação: eis outro caso de nosso léxico que gera muitos equívocos pelo fato de ignorarmos o sentido exato de cada termo. Gramaticalmente, as duas formas: “eles mesmo” e “eles mesmos” estão corretas; depende, apenas, a quem, na sentença, queiramos dar ênfase.
No primeiro caso, o termo “mesmo”, de “eles mesmo” é um advérbio que, invariável pela sua categoria, enfatiza a ação do sujeito, ou seja, faz referência ao ato do pronome sujeito e pode ser substituído por “realmente”.
Exemplo: eles mesmo (realmente) foram cúmplices de seus atos impensados.
No segundo caso, a palavra “mesmo”, de “eles mesmos” é um pronome que acompanha a flexão do pronome sujeito “eles” a quem se refere e pode ser substituído por “próprio/s”.
Exemplo: elas mesmas (próprias), pelos seus esforços, foram merecedoras da vitória.
Nota: as expressões “a mim mesmo”, “a ti mesmo”, “a si mesmo” etc. são usadas para reforçar e expressar a ação reflexiva, como neste exemplo:
Exemplo: João e Pedro enganaram-se a si mesmos.
A expressão “a si mesmos” é usada para evidenciar o sentido; pois, omitindo-a, a frase poderia gerar dúvida de que João e Pedro cometeram o engano juntos, ou que João enganou a Pedro, e este a João. Com o uso de “a si mesmos”, fica bem evidente que o engano foi recíproco. Vale a precisão de linguagem.
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Para reflexão: “o que somos é um presente de Deus, e o que nos tornamos é o nosso presente para Ele” – Emmanuel.
Antonio Nazareno Favarin
Professor de Português, Revisor de livros de São José dos Campos-SP.