Explicação: os pronomes indefinidos “qualquer” e “nenhum” têm significados bem distintos; e, apesar de serem utilizados na linguagem informal e aleatoriamente (um pelo outro), não podemos atribuir-lhes, na linguagem formal (culta), o mesmo significado. Vejamos o uso correto e diferenciado de ambos:
a) Qualquer – este pronome “qualquer” ou “quaisquer”, no plural, não tem sentido negativo. Usamo-lo para generalizar uma situação; isto é, para designar pessoas ou coisas sem especificá-las; portanto, neste caso, não pode ser substituído pelo pronome “nenhum”.
Exemplos: – nestas Questões Gramaticais, não escrevemos qualquer exemplo que não faça referência ao respectivo texto;
– não se deve tomar qualquer remédio sem prévia consulta médica.
b) Nenhum – este pronome refere-se a algo que esteja faltando. Normalmente, precede a um substantivo ou pronome com uma partícula negativa.
Exemplo: – com vontade e decisão, não há nenhum obstáculo que não se possa transpor;
– o objetivo primordial de nosso estudo é divulgarmos a Arte de Escrever Bem e, assim, não deixarmos nenhuma dúvida quanto à forma correta de expressão.
Nota: o pronome indefinido “nenhum”, apesar de ser antônimo de “algum”, pode ser usado com o mesmo sentido deste, em orações negativas e após um pronome ou substantivo.
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Exemplos: – “eles não cometeram nenhum equívoco” ou “eles não cometeram algum equívoco”;
– “o advogado não apresentou nenhum embasamento jurídico em sua petição” ou “o advogado não apresentou algum embasamento jurídico em sua petição”.
Todavia – curiosidade linguística -, se o pronome indefinido “algum” vier anteposto ao sujeito (substantivo ou pronome), a sentença assumirá sentido afirmativo, e, se posposto ao sujeito, sentido negativo.
Vejamos, nesta razão de ser, e pelo mesmo exemplo, o pronome “algum” assumindo os dois sentidos (positivo e negativo):
Exemplos: – alguma razão me fez mudar de ideia (sentido afirmativo);
– razão alguma me fez mudar de ideia (sentido negativo).
Para refletir: “A melhor maneira de aprender a desculpar os erros alheios é reconhecer que também somos humanos, capazes de errar talvez ainda mais desastradamente que os outros” – Chico Xavier.
Antonio Nazareno Favarin
Professor de Português, Revisor de livros de São José dos Campos-SP.