Possídio, seu primeiro biografo, e amigo por quarenta anos, em sua obra Vida de Santo Agostinho, o descreveu em detalhes, desenhando um retrato de um homem que comia pouco, com parcimônia, trabalhava incansavelmente, desprezava fofocas e fuxicos, que procurava rejeitar as tentações da carne, e, que exerceu a prudência na gestão financeira conforme sua posição e autoridade de bispo.
Por sua vez, de Aurélio Agostinho, sabemos, também, que, embora tenha sido de seu desejo a de uma vida monástica, de muita reflexão, meditação e oração, na verdade, uma vez bispo, sua vida foi exatamente oposta.
O que ficou constatado, mais uma vez, durante a elaboração da Codificação Espírita, muitos séculos mais tarde; mais uma vez, incansavelmente ativo, atuando em várias frentes.
Com o mesmo empenho com que defendeu o cristianismo nascente, combatendo através de cartas, homilias, sermões e livros, os movimentos heréticos (maniqueísmo, donatismo, pelagianismo e arianismo), foi profícuo divulgador dos conceitos Espíritas, no séc. XIX.
Santo Agostinho é um dos maiores vulgarizadores do Espiritismo. Manifesta-se quase por toda parte. (..) Pertence ele à vigorosa falange dos Pais da Igreja, aos quais deve a cristandade seus mais sólidos esteios.”
(Erasto; discípulo de São Paulo)
Somente na obra de Allan Kardec, podemos encontrar 36 (trinta e seis) citações; tanto do Pentateuco que compõem a Codificação Espírita, quanto na Revista Espírita, igualmente preparada e editada por Allan Kardec.
Talvez tenham sido muito mais. Quem poderá dize-lo? Pois nem tudo ficou registrado… Mas é o que temos, por enquanto… Certamente, entre o Aurélio Agostinho que conhecemos do século IV e V, e o que se comunicou durante o advento do Consolador Prometido, em meados do século XIX, teve que mudar muitos conceitos…
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Como qualquer Espírito, também tem se transformado na mesma medida em que se expande em sabedoria e virtudes.
Dar-se-á venha Santo Agostinho demolir o que edificou? Certamente que não. Como tantos outros, ele vê com os olhos do espírito o que não via enquanto homem. (…) compreende o que antes não compreendia (…). Na Terra, apreciava as coisas de acordo com os conhecimentos que possuía. (…) Agora pode ele, sobre alguns pontos, pensar de modo diverso do que pensava quando vivo, sem deixar de ser um apóstolo cristão..”
ESE (Cap. 1, item 11)
Embora, esta mudança não deve ter sido tão grande assim… pois, Agostinho conhecia muito bem as teorias de Sócrates e Platão, tais como: Mito da Caverna, Mito de Er ou das Reminiscências, e o Mundo das Ideias e das Formas.
Por isso, não seria estranho Santo Agostinho ter conhecimento de conceitos tais como o da preexistência do conhecimento, a imortalidade da Alma, reencarnação, Lei de Causa e Efeito, escolha do tipo de vida, antes de retornarmos ao mundo das formas.
Fácil de ser comprovado. Basta nos valermos de suas próprias citações, na época da Patrística, sobre o que ele escreveu ou disse sobre as relações com os Espíritos dos mortos, a reencarnação, o perispírito, etc.
Neste mês de agosto comemora-se mais um aniversário do desencarne deste expoente (28/08/430), a quem a humanidade terrestre muito deve, também.
Fiquem em paz!
Fábio Dionizi